quarta-feira, janeiro 22, 2025

Saúde

Treinamento Muscular Inspiratório em Unidades de Terapia Intensiva em pacientes Adultos: Pesquisa sobre a Prática do TMI pelos fisioterapeutas do Reino Unido

Pontos chave da pesquisa

– O TMI é subutilizado nas UTI para adultos no Reino Unido, com apenas 24% dos entrevistados o utilizando atualmente.

– Dispositivos mecânicos de  carga linear são os dispositivos de TMI mais comuns utilizados.

– Há necessidade de mais pesquisas e estabelecimento de diretrizes nacionais para aprimorar a implementação do TMI.

Pesquisadores do Reino Unidos, Rebecca Davies e Kirsty Jerrard, resolveram perguntar o que a maioria dos fisioterapeutas no mundo todo se perguntam diariamente, por que não estamos utilizando o TMI adequadamente. Por que estudamos tanto seu benefício, e não aplicamos diariamente em nossa rotina de tratamento: Por falta de pesquisa científica, não é, este é um dos assuntos mais investigamos, principalmente, por pesquisadores científicos brasileiros. Vamos observar os resultados desta pesquisa

Este artigo apresenta uma pesquisa sobre o uso do treinamento muscular inspiratório (TMI) em unidades de terapia intensiva (UTI) para adultos no Reino Unido. O treinamento é reconhecido como seguro e eficaz para pacientes críticos com fraqueza muscular respiratória, ajudando a fortalecer a musculatura, acelerar o desmame ventilatório e reduzir o tempo de internação.

Metodologia

Um questionário online foi distribuído a fisioterapeutas respiratórios por meio de redes sociais e grupos profissionais. O estudo incluiu 45 perguntas sobre uso do  TMI nas UTI no Reino Unido, coletadas entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.

Principais Resultados

  • Apenas 24% das UTI utilizavam o TMI, enquanto 11% estavam em processo de aquisição dos equipamentos e 65% não empregavam essa prática.
  • Os dispositivos mais usados foram os de carga linear (mecânico) (63%) e os de fluxo graduado (32%).
  • As principais indicações clínicas para o TMI foram dificuldades no desmame (73%) e ventilação mecânica prolongada (>7 dias; 45%).
  • A pressão inspiratória máxima PImax foi o principal parâmetro para guiar a intervenção.

Discussão

A prática do TMI é limitada devido à falta de conhecimento e financiamento. A variabilidade na implementação reflete a ausência de diretrizes padronizadas e de consenso sobre os regimes de treinamento ideais. Apesar disso, a evidência científica aponta para benefícios claros, como redução do tempo de ventilação e melhora da qualidade de vida.

Conclusão

Há necessidade de maior educação sobre TMI, criação de diretrizes nacionais baseadas em evidências e investimentos em treinamento e equipamentos. Isso poderia promover maior adesão à prática e padronização nos cuidados intensivos no Reino Unido.

Contexto e Motivação

A fraqueza muscular ventilatória é uma complicação comum em pacientes submetidos à ventilação mecânica prolongada. Essa condição pode prolongar o tempo de internação na UTI e dificultar o desmame ventilatório. O treinamento muscular inspiratório TMI, surge como uma intervenção promissora para fortalecer a musculatura respiratória, reduzir o tempo de ventilação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, no Reino Unido, o uso do TMI em UTI ainda é limitado e pouco padronizado.

Objetivo

Explorar o uso clínico do TMI por fisioterapeutas nas UTI adultas do Reino Unido, identificando barreiras e práticas atuais, e avaliar as condições para uma potencial padronização.

Resultados

Adesão ao TMI:

24% das UTI (11 unidades) utilizavam o TMI.

11% estavam adquirindo dispositivos para implementação.

65% não utilizavam o TMI.

As principais barreiras relatadas foram:

Falta de conhecimento sobre implementação (65% das unidades não usavam TMI).

Custos e financiamento para dispositivos.

  1. Dispositivos Utilizados:
    • Dispositivos de carga linear (mecânico): 63%.
    • Dispositivos de fluxo graduado (cinético): 32%.
    • Ajustes no ventilador (gatilho\trigger inspiratório): 13%.
    • Alguns centros usavam mais de um tipo de dispositivo.
  2. Critérios de Inclusão para TMI:
    • Falha no desmame (73%).
    • Ventilação mecânica por mais de 7 dias (45%).
    • Outras condições específicas em relação a dificuldade do paciente (alerta, cooperação, capacidade de selar o bocal, parâmetros respiratórios adequados).
  3. Exclusões Comuns:
    • Pressão positiva no final da expiração (PEEP) >10.
    • Necessidade de alta fração de oxigênio inspirado (>60%).
    • Pacientes hemodinamicamente instáveis ou com pneumotórax não drenado.
  4. Protocolos e parâmetros de treinamento:
    • Protocolo de treinamento: 50% da PIMAX, cinco séries de seis respirações diárias, com incremento gradual de 1-2 cmH2O a cada 1-2 dias.
    • Dispositivos foram usados com:
      • Pacientes auto-ventilados (91%).
      • Pacientes dependentes de ventilador via traqueostomia (82%).
      • Pacientes com tubo endotraqueal (45%).
  5. Medidas de Desfecho:
    • Mais frequente: pressão inspiratória máxima (PIMAX) (70% dos respondentes).
    • Outros parâmetros: frequência respiratória, feedback do paciente, e duração do desmame.

Discussão

  1. Baixa Adoção do TMI:
    • Apesar de ser uma modalidade segura e eficaz, apenas uma minoria das UTI no Reino Unido utilizava o TMI.
    • A falta de educação e treinamento sobre a técnica foi o principal obstáculo identificado.
  2. Variabilidade nos Protocolos:
    • Diferenças significativas na escolha de dispositivos, critérios de inclusão e regimes de treinamento entre as UTI.
    • A literatura ainda não fornece consenso sobre os melhores parâmetros e dispositivos para TMI em pacientes críticos.
  3. Impacto dos Dispositivos:
    • Dispositivos de fluxo graduado mostraram maior tolerância por pacientes difíceis de desmamar e maior expansão pulmonar em estudos prévios, mas são menos usados devido a custos mais altos.
  4. Representatividade da Amostra:
    • A pesquisa abrangeu diferentes regiões do Reino Unido, mas excluiu a Escócia e teve uma concentração maior em Londres, o que pode limitar a generalização.

Conclusões e Recomendações

  • Padronização Necessária: Há urgência em desenvolver diretrizes nacionais baseadas em evidências para guiar a prática do TMI.
  • Educação e Treinamento: Aumentar o conhecimento dos fisioterapeutas sobre o TMI pode ampliar sua utilização.
  • Pesquisa Futuras:
    • Avaliar o impacto de diferentes regimes de treinamento em desfechos a longo prazo.
    • Determinar a relação custo-benefício de dispositivos mais avançados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *