Pontos chave da pesquisa
– O TMI é subutilizado nas UTI para adultos no Reino Unido, com apenas 24% dos entrevistados o utilizando atualmente.
– Dispositivos mecânicos de carga linear são os dispositivos de TMI mais comuns utilizados.
– Há necessidade de mais pesquisas e estabelecimento de diretrizes nacionais para aprimorar a implementação do TMI.
Pesquisadores do Reino Unidos, Rebecca Davies e Kirsty Jerrard, resolveram perguntar o que a maioria dos fisioterapeutas no mundo todo se perguntam diariamente, por que não estamos utilizando o TMI adequadamente. Por que estudamos tanto seu benefício, e não aplicamos diariamente em nossa rotina de tratamento: Por falta de pesquisa científica, não é, este é um dos assuntos mais investigamos, principalmente, por pesquisadores científicos brasileiros. Vamos observar os resultados desta pesquisa
Este artigo apresenta uma pesquisa sobre o uso do treinamento muscular inspiratório (TMI) em unidades de terapia intensiva (UTI) para adultos no Reino Unido. O treinamento é reconhecido como seguro e eficaz para pacientes críticos com fraqueza muscular respiratória, ajudando a fortalecer a musculatura, acelerar o desmame ventilatório e reduzir o tempo de internação.
Metodologia
Um questionário online foi distribuído a fisioterapeutas respiratórios por meio de redes sociais e grupos profissionais. O estudo incluiu 45 perguntas sobre uso do TMI nas UTI no Reino Unido, coletadas entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.
Principais Resultados
- Apenas 24% das UTI utilizavam o TMI, enquanto 11% estavam em processo de aquisição dos equipamentos e 65% não empregavam essa prática.
- Os dispositivos mais usados foram os de carga linear (mecânico) (63%) e os de fluxo graduado (32%).
- As principais indicações clínicas para o TMI foram dificuldades no desmame (73%) e ventilação mecânica prolongada (>7 dias; 45%).
- A pressão inspiratória máxima PImax foi o principal parâmetro para guiar a intervenção.
Discussão
A prática do TMI é limitada devido à falta de conhecimento e financiamento. A variabilidade na implementação reflete a ausência de diretrizes padronizadas e de consenso sobre os regimes de treinamento ideais. Apesar disso, a evidência científica aponta para benefícios claros, como redução do tempo de ventilação e melhora da qualidade de vida.
Conclusão
Há necessidade de maior educação sobre TMI, criação de diretrizes nacionais baseadas em evidências e investimentos em treinamento e equipamentos. Isso poderia promover maior adesão à prática e padronização nos cuidados intensivos no Reino Unido.
Contexto e Motivação
A fraqueza muscular ventilatória é uma complicação comum em pacientes submetidos à ventilação mecânica prolongada. Essa condição pode prolongar o tempo de internação na UTI e dificultar o desmame ventilatório. O treinamento muscular inspiratório TMI, surge como uma intervenção promissora para fortalecer a musculatura respiratória, reduzir o tempo de ventilação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, no Reino Unido, o uso do TMI em UTI ainda é limitado e pouco padronizado.
Objetivo
Explorar o uso clínico do TMI por fisioterapeutas nas UTI adultas do Reino Unido, identificando barreiras e práticas atuais, e avaliar as condições para uma potencial padronização.
Resultados
Adesão ao TMI:
24% das UTI (11 unidades) utilizavam o TMI.
11% estavam adquirindo dispositivos para implementação.
65% não utilizavam o TMI.
As principais barreiras relatadas foram:
Falta de conhecimento sobre implementação (65% das unidades não usavam TMI).
Custos e financiamento para dispositivos.
- Dispositivos Utilizados:
- Dispositivos de carga linear (mecânico): 63%.
- Dispositivos de fluxo graduado (cinético): 32%.
- Ajustes no ventilador (gatilho\trigger inspiratório): 13%.
- Alguns centros usavam mais de um tipo de dispositivo.
- Critérios de Inclusão para TMI:
- Falha no desmame (73%).
- Ventilação mecânica por mais de 7 dias (45%).
- Outras condições específicas em relação a dificuldade do paciente (alerta, cooperação, capacidade de selar o bocal, parâmetros respiratórios adequados).
- Exclusões Comuns:
- Pressão positiva no final da expiração (PEEP) >10.
- Necessidade de alta fração de oxigênio inspirado (>60%).
- Pacientes hemodinamicamente instáveis ou com pneumotórax não drenado.
- Protocolos e parâmetros de treinamento:
- Protocolo de treinamento: 50% da PIMAX, cinco séries de seis respirações diárias, com incremento gradual de 1-2 cmH2O a cada 1-2 dias.
- Dispositivos foram usados com:
- Pacientes auto-ventilados (91%).
- Pacientes dependentes de ventilador via traqueostomia (82%).
- Pacientes com tubo endotraqueal (45%).
- Medidas de Desfecho:
- Mais frequente: pressão inspiratória máxima (PIMAX) (70% dos respondentes).
- Outros parâmetros: frequência respiratória, feedback do paciente, e duração do desmame.
Discussão
- Baixa Adoção do TMI:
- Apesar de ser uma modalidade segura e eficaz, apenas uma minoria das UTI no Reino Unido utilizava o TMI.
- A falta de educação e treinamento sobre a técnica foi o principal obstáculo identificado.
- Variabilidade nos Protocolos:
- Diferenças significativas na escolha de dispositivos, critérios de inclusão e regimes de treinamento entre as UTI.
- A literatura ainda não fornece consenso sobre os melhores parâmetros e dispositivos para TMI em pacientes críticos.
- Impacto dos Dispositivos:
- Dispositivos de fluxo graduado mostraram maior tolerância por pacientes difíceis de desmamar e maior expansão pulmonar em estudos prévios, mas são menos usados devido a custos mais altos.
- Representatividade da Amostra:
- A pesquisa abrangeu diferentes regiões do Reino Unido, mas excluiu a Escócia e teve uma concentração maior em Londres, o que pode limitar a generalização.
Conclusões e Recomendações
- Padronização Necessária: Há urgência em desenvolver diretrizes nacionais baseadas em evidências para guiar a prática do TMI.
- Educação e Treinamento: Aumentar o conhecimento dos fisioterapeutas sobre o TMI pode ampliar sua utilização.
- Pesquisa Futuras:
- Avaliar o impacto de diferentes regimes de treinamento em desfechos a longo prazo.
- Determinar a relação custo-benefício de dispositivos mais avançados.