quinta-feira, novembro 21, 2024

Saúde

Efeitos do TMI na redução da dispnea durante o esforço físico em pacientes com paralisia diafragmática unilateral

O músculo diafragma é controlado pela ação do nervo frênico e sua principal ação é a ventilação pulmonar. A paralisia diafragmática (PD) muitas vezes é idiopática (sem causa definida), trauma torácico ou causado por lesão no nervo frênico durante processos cirúrgicos na região cervical ou cardiotorácica. A PD pode ser unilateral (maior prevalência para o hemidiafragma esquerdo) ou bilateral e é uma causa subdiagnosticada para o sintoma de dispnea. Vale ressaltar que minha experiência com pacientes com PD no ambulatório é de os pacientes com o sobrepeso, aumento da circunferência abdominal e sedentários apresentam maior sintoma de dispnea.

Segundo os autores do estudo intitulado: Effects of inspiratory muscle training on exertional breathlessness in patients with unilateral diaphragm dysfunction: a randomised trial: o treinamento muscular inspiratório (TMI) é o único tratamento conservador para PDU, mas os mecanismos de melhora são desconhecidos. Os autores observaram os efeitos do TMI na dispneia, tolerância ao exercício e função muscular respiratória em pessoas com PDU e interessantemente, este é o primeiro artigo científico publicado com rigoroso método científico.

Como foi feito:

  • O diagnóstico da PDU foi confirmado por estimulação do nervo frênico e persistiu durante o período de treinamento.
  • Métodos: 15 pessoas com PDU (73% homens, 61±8 anos) foram randomizadas para 6 meses de TMI
  • Equipamento utilizado para o TMI (POWERbreathe® KH1; HaB International Ltd., UK).
  • Grupo TMI (10 participantes) com carga de 50% PIMAX
  • Grupo controle (5 participantes) com carga de 10% PIMAX
  • Treinamento para ambos os grupos = 30 respirações 2 vezes ao dia).
  • Os sintomas foram avaliados pelo índice de dispneia transitória (TDI) e tolerância ao exercício por testes de ciclo de carga constante realizados pré e pós-treinamento.

Após 6 meses de treinamento o grupo TMI reduziu significativamente a sensação de falta de ar (mensurada pela escala BDI-TDI). Além disso a capacidade de exercício foi melhor no grupo TMI do que no controle. Algumas variáveis da função pulmonar melhoraram, mas a maioria não sofreu alteração comparada entre os dois grupos.

Interessantemente, a melhora isolada no músculo diafragma não foi observada no grupo TMI, foi observada uma melhora no grupo de músculos inspiratórios, além disso, o grupo TMI diminuiu a ativação dos músculos inspiratórios acessórios (ex.: músculo escaleno) e isso melhorou tanto a oxigenação dos músculos inspiratórios quanto expiratórios extradiafragmáticos.

Os efeitos do TMI na dispneia e na tolerância ao exercício em pacientes com PDU não foram mediados por uma melhora na função isolada do diafragma, mas puderam refletir melhorias na força, coordenação e/ou oxigenação dos músculos respiratórios inspiratórios acessórios e expiratórios.

Para saber mais, acesse:

https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMicm2302397
https://cdn.publisher.gn1.link/jornaldepneumologia.com.br/pdf/2015_41_2_3_portugues.pdf
https://cdn.publisher.gn1.link/jornaldepneumologia.com.br/pdf/2021_47_5_3585_portugues.pdf

autor:
Dr. Vinicius Iamonti – Crefito 3/67011-F
https://viniciusiamonti.com/
Fisioterapeuta Respiratório, especialista em Reabilitação Pulmonar, mestre em Ciências da Saúde, doutor em Ciências pela disciplina de Pneumologia.

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