O músculo diafragma é controlado pela ação do nervo frênico e sua principal ação é a ventilação pulmonar. A paralisia diafragmática (PD) muitas vezes é idiopática (sem causa definida), trauma torácico ou causado por lesão no nervo frênico durante processos cirúrgicos na região cervical ou cardiotorácica. A PD pode ser unilateral (maior prevalência para o hemidiafragma esquerdo) ou bilateral e é uma causa subdiagnosticada para o sintoma de dispnea. Vale ressaltar que minha experiência com pacientes com PD no ambulatório é de os pacientes com o sobrepeso, aumento da circunferência abdominal e sedentários apresentam maior sintoma de dispnea.
Segundo os autores do estudo intitulado: Effects of inspiratory muscle training on exertional breathlessness in patients with unilateral diaphragm dysfunction: a randomised trial: o treinamento muscular inspiratório (TMI) é o único tratamento conservador para PDU, mas os mecanismos de melhora são desconhecidos. Os autores observaram os efeitos do TMI na dispneia, tolerância ao exercício e função muscular respiratória em pessoas com PDU e interessantemente, este é o primeiro artigo científico publicado com rigoroso método científico.
Como foi feito:
- O diagnóstico da PDU foi confirmado por estimulação do nervo frênico e persistiu durante o período de treinamento.
- Métodos: 15 pessoas com PDU (73% homens, 61±8 anos) foram randomizadas para 6 meses de TMI
- Equipamento utilizado para o TMI (POWERbreathe® KH1; HaB International Ltd., UK).
- Grupo TMI (10 participantes) com carga de 50% PIMAX
- Grupo controle (5 participantes) com carga de 10% PIMAX
- Treinamento para ambos os grupos = 30 respirações 2 vezes ao dia).
- Os sintomas foram avaliados pelo índice de dispneia transitória (TDI) e tolerância ao exercício por testes de ciclo de carga constante realizados pré e pós-treinamento.
Após 6 meses de treinamento o grupo TMI reduziu significativamente a sensação de falta de ar (mensurada pela escala BDI-TDI). Além disso a capacidade de exercício foi melhor no grupo TMI do que no controle. Algumas variáveis da função pulmonar melhoraram, mas a maioria não sofreu alteração comparada entre os dois grupos.
Interessantemente, a melhora isolada no músculo diafragma não foi observada no grupo TMI, foi observada uma melhora no grupo de músculos inspiratórios, além disso, o grupo TMI diminuiu a ativação dos músculos inspiratórios acessórios (ex.: músculo escaleno) e isso melhorou tanto a oxigenação dos músculos inspiratórios quanto expiratórios extradiafragmáticos.
Os efeitos do TMI na dispneia e na tolerância ao exercício em pacientes com PDU não foram mediados por uma melhora na função isolada do diafragma, mas puderam refletir melhorias na força, coordenação e/ou oxigenação dos músculos respiratórios inspiratórios acessórios e expiratórios.
Para saber mais, acesse:
autor:
Dr. Vinicius Iamonti – Crefito 3/67011-F
https://viniciusiamonti.com/
Fisioterapeuta Respiratório, especialista em Reabilitação Pulmonar, mestre em Ciências da Saúde, doutor em Ciências pela disciplina de Pneumologia.